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HISTÓRIA DA IRMANDADE

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A Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos da cidade de Goiás tem suas origens no século XVIII. De acordo com registros históricos, sua fundação ocorreu em 1745, sob a liderança do padre João Perestello de Vasconcellos Espinola, sacerdote espanhol natural de Sevilha.

A Irmandade foi responsável por introduzir e fortalecer as festividades religiosas em honra ao Senhor dos Passos e a Nossa Senhora das Dores, além de desempenhar um papel fundamental na organização da Semana Santa na cidade. Documentos históricos indicam que, em 1743, a antiga Matriz de Sant’Ana foi demolida devido ao risco de desabamento, sendo reconstruída sob a orientação do padre Perestello. Já em 1745, a nova igreja foi utilizada para as celebrações da Semana Santa, evidenciando a importância da Irmandade no contexto religioso local.

Em 1749, um documento preservado nos arquivos da Casa de Câmara de Goiás registra um conflito de jurisdição entre o Provedor da Irmandade, Manoel Antunes da Fonseca, e o Vigário da Vara e Matriz, padre Perestello. O ponto de discussão era a permissão para expor o Santíssimo Sacramento no altar do Senhor dos Passos durante a festa da Invenção da Santa Cruz. Esse registro comprova que a Irmandade já estava plenamente estabelecida e possuía sua própria estrutura, incluindo um Provedor e um altar dedicado ao seu Padroeiro.

A história da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das tradições religiosas em Goiás, consolidando-se como uma das instituições mais significativas da devoção católica na região.

AS CELEBRAÇÕES RELIGIOSAS E A TRADIÇÃO DO FARRICOCO NA IRMANDADE DO SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS

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A Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, em Goiás, mantém viva a tradição das procissões da Semana dos Passos e da Semana Santa, eventos marcados pela devoção e participação da comunidade. Essas celebrações, que remontam ao período colonial, consolidaram a Irmandade como a principal responsável pelos ritos da Paixão de Cristo na cidade.

Um dos elementos mais característicos dessas procissões é a presença do Farricoco, figura que remete às celebrações da Semana Santa na Espanha, especialmente em cidades como Sevilha, Málaga e Salamanca. O Farricoco, descrito em registros da Irmandade desde 1840, era um participante contratado para integrar os cortejos, sendo frequentemente citado nas despesas da Irmandade em diversos anos do século XIX.

A mais antiga descrição desse personagem na cidade de Goiás foi feita pelo viajante Johann Emmanuel Pohl, que, ao relatar a Procissão dos Passos em 19 de abril de 1820, menciona um homem vestido de preto, que soava um longo chifre de tempos em tempos, acompanhando penitentes que se autoflagelavam em meio ao cortejo.

Com o tempo, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, que também organizava eventos litúrgicos na cidade, perdeu influência, sendo gradualmente absorvida pela Irmandade dos Passos. Por volta de 1840, esta assumiu a responsabilidade pelas procissões da Semana Santa, consolidando-se como a principal confraria religiosa de Goiás.

Atualmente, a figura do Farricoco tornou-se um símbolo da tradição goiana, sendo um dos poucos lugares no Brasil que ainda preservam essa prática. Sua presença nas celebrações da Semana Santa reforça a identidade cultural e religiosa da cidade, mantendo viva uma manifestação secular de fé e penitência.

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